31 anos com Diabetes
e agora você vai para uma Colônia de Diabéticos?
Eu mesma me
fiz esta pergunta um minuto antes de fazer minha inscrição, mas ai eu pensei: “O
que posso fazer de melhor na vida senão experimentar esta aventura e compartilhar
com outros amigos diabéticos esta vivência, já que tudo está bem comigo (ou
quase tudo...)?”
Parti para
Belo Horizonte e deixei a família para trás. Nenhum deles é diabético. Nenhum
deles sabe como é. Vou me juntar aos meus pares, pessoas que medem a glicemia,
contam carboidratos e aplicam insulina diariamente. Embora não conhecesse
nenhum deles pessoalmente, sabia que tínhamos muito em comum. Essa empatia é um
laço que nos une e nos aproxima e eu queria sentir isso.
Combinei com
a Isabella, uma jovem também do Rio, de encontrá-la no aeroporto em BH. De lá partiríamos
juntas para encontrar a famosa Robertinha, líder das redes sociais do Diabetes
Weekend. Eu estava numa cidade que nunca visitei antes, para encontrar uma
pessoa que não conhecia... para encontrar ainda uma outra. Este é o mundo atual
de conexões virtuais tão fortes que não tememos o desconhecido. Assim como nós
somos reais do outro lado do teclado, elas também são e com este pensamento
consegui encontrá-las e conhecê-las neste fim de semana. Que bom que o medo não
limitou minha capacidade de expandir minhas amizades. Que bom que o risco valeu
a pena e tudo aconteceu perfeitamente conforme o planejado.
Em frente ao
ponto de encontro em BH de onde partiríamos para o Hotel Fazenda, uma legião de
diabéticos começava a se formar. Eram crianças de despedindo dos pais, jovens
em grupos se abraçando, apresentações em todas as direções, recomendações,
ansiedade...enfim...vamos para a Colônia!
Já no
ônibus, a equipe do Dr. Levimar nos recebia com alegria. Eram médicos,
nutricionistas, residentes, profissionais de educação física e psicóloga que
cuidavam da gente. Pessoas que dedicaram um final de semana voluntariamente
para que pudéssemos viver esta experiência. Muitas pessoas já se
conheciam. Muitos já tinham ido mais de 4 vezes para a Colônia. E os novatos eram
logo envolvidos pelos demais.
Acompanhávamos
os testes uns dos outros. Apoiamos nas hipos ou hipers. Mostrávamos como fazíamos
o nosso tratamento, nossos hábitos, trocamos confidências sobre a diabetes e
sobre a vida.
Eu acho que a troca foi a parte mais importante e que levaremos sempre com a gente. Saber que minha companheira de quarto estava travando uma guerra contra as hipos no início do tratamento com a bomba e que a outra colega de quarto era também mãe de uma jovem diabética e precisava cuidar do diabetes duplamente. A gente vai refletindo como estamos todas juntas e misturadas e como é bom não se sentir diferente.
No próximo
post falarei sobre as atividades em grupo e como as crianças ficam
independentes quando precisam tomar conta delas próprias!
Um grande
beijo!
Sheila