Uma das sensações mais desconfortáveis para um diabético é durante a hipoglicemia. Eu me sinto esvaziada, cheia de fome, leve, meio tonta, meio lerda, meio boba. E o pior é que as pessoas que convivem conosco há um certo tempo acabam já sabendo como ficamos. Meu marido já sabe e diz:
"- Você está boba ou tá com o açúcar baixo? Quer uma bala? Come bala!!!"
Assim mesmo...sutil...E não adianta dizer que você acabou de fazer o exame e que vc está é meio boba mesmo (às vezes não é hipo). Minha filha também já percebeu. Outro dia eu estava bem conversando com meus filhos e, sem mais nem menos, me levantei da cama (nesta época eu andava com muletas devido à cirurgia no tornozelo), fui até o corredor da casa e comecei a chorar e a gritar:
"- Eu quero andar!!! Eu quero andar!!!"
Mesmo depois de quase 4 meses sem andar eu nunca havia dito aquela frase assim...tão nua e crua. Estava enfrentando a nova rotina e todo o processo de recuperação com resignação e eu mesmo me assustei com meu desespero. Aí minha filha logo disse:
"-Mãe, vc está passando mal. Vamos medir o açúcar!"
Palavras salvadoras de uma menina de 10 anos e que me deixaram super feliz. Ela me ajudou a pegar o aparelho e a fazer o exame. Resultado: 30. Então ela trouxe água com açúcar e ficou me acalmando dizendo que tudo passaria logo. Meu filho de 4 anos também estranhou toda aquela choradeira e só falava:
"- Você quer andar com as duas pernas? É isso?"
Coitadinho...todo preocupado. Após uns 15 minutos tudo voltou ao normal. Passou!
Lembro de um outro episódio há muito tempo...Eu ainda amamentava minha primeira filha. Era a hora do almoço mas eu tinha que amamentar ela antes de eu mesma almoçar. De repente, a campainha toca. Eu coloco o bebê no berço e vou até a janela. Não reconheço minha mãe que estaca do lado de fora e volto para a cozinha. Coloco algumas colheres de arroz no prato. Derramo suco de maracujá e forma-se uma canja fria e eu começo a amassar como se fosse para dar para minha filha. A campainha continua a tocar e eu vou novamente à janela e minha mãe grita para eu abrir a porta. Eu abro e ela logo reconhece:
"- Você não está bem, está?"
Vamos juntas até a cozinha e eu começo a comer aquele arroz com suco de maracujá. Ela coloca água com açúcar para eu tomar, precisa insistir e eu finalmente aceito. Pronto, tudo resolvido. Mas e se ela não tivesse vindo naquela tarde? E se eu tivesse ficado sozinha? Como eu poderia cuidar do bebê naquela condição? Isto é o que me assusta: a falta temporária de consciência. Por isso e depois de tudo isso, tenho andado mais atenta, mais cuidadosa comigo! Beijos e até outro dia!
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