domingo, 19 de abril de 2009

A DIABETES NÃO ME IMPEDIU DE CONQUISTAR MEU MAIOR SONHO: TER FILHOS!

15 anos. Uma idade inesquecível para qualquer garota. Eu estava me preparando para a tão sonhada viagem para os parques da Disney quando veio a bomba: descobri que era diabética. Eu vinha emagrecendo sem motivo e vivia cansada. Meus pais me levaram ao médico suspeitando de infecção urinária porém a taxa de açúcar no sangue estava muito mais alta do que o normal: 298. Procuramos um especialista na área, o Dr. Francisco Arduíno, que nos esclareceu sobre todas as dúvidas da minha família sobre a doença. Entre as novas orientações médicas estavam: injeções de insulina, prática de exercícios físicos e monitoramento da glicose ao longo do dia. As mudanças envolveram também a adoção de uma dieta controlada de carboidratos e a proibição do consumo de açúcar e doces em geral. Como a viagem para os EUA estava muito próxima, o médico achou prudente que eu não fosse. Eu dividiria um apartamento quádruplo com duas primas e uma amiga do colégio e, de repente, tudo desmoronou.

Neste momento difícil, o apoio dos meus pais foi fundamental. Minha mãe incorporou uma nova rotina alimentar com a inclusão de 6 refeições: café da manhã, colação, almoço, lanche, jantar e ceia. As porções fracionadas evitavam hipoglicemias (quedas de açúcar no sangue) e mantinham minha taxa de glicose controlada. Meu pai chegou a aplicar soro fisiológico na barriga usando uma agulha de insulina a fim de experimentar a dor que eu sentiria com as injeções diárias. O começo foi uma barra! Ficava me perguntando por que eu? Afinal, eu tinha dois irmãos, uma mais nova e outro mais velho e não encontrava respostas para a doença que se apresentava na minha vida. Um dos meus maiores medos era o de não conseguir ter filhos. Mas, aos 27 anos engravidei e precisei me dedicar à disciplina com dieta e exercícios para que meu bebê nascesse saudável. Durante os 9 meses fui acompanhada por um obstetra e uma endocrinologista e consegui manter um controle razoável da minha diabetes. Minha filha nasceu com 49 cm, 4.200 kg e uma leve hipoglicemia que logo se estabilizou. No mesmo dia já estava comigo no quarto mamando vorazmente. Ela nasceu grande pois descobri que a macrossomia é umas características dos bebês de mães diabéticas. Mas hoje é uma menina muito saudável.

Seis anos depois, engravidei novamente. Desta vez procurei ser mais rígida no controle do diabetes para que o bebê não crescesse tanto. André Felipe nasceu e me surpreendeu com 4.400kg e 51cm. Devido a um desconforto respiratório precisou ficar 8 dias internado na UTI. Depois, ele ficou bem e só nos deu alegrias. Hoje é um menino muito saudável, esperto e carinhoso. Aproveitei a segunda cesárea para ligar as trompas. Afinal, depois do sonho realizado com um casal de filhos, não haveria motivos para correr mais riscos com cirurgias.

Hoje tenho 39 anos e sou muito feliz. Nunca fiquei um dia sequer sem tomar insulina. Procuro manter a dieta, mas nem sempre é fácil. Quanto aos exercícios físicos, a rotina corrida de mãe e o trabalho fora não me deixam muito tempo. No dia 9 de janeiro deste ano sofri uma queda durante uma das crises mais severas de hipoglicemia e...precisei ser operada. Quebrei o pé em três partes e tive que colocar uma placa e vários parafusos. Agora estou fazendo fisioterapia para recuperar os movimentos.

E não é que tem males que vem para o bem?
Com medo de engordar muito durante este período sem me movimentar, decidi cumprir rigorosamente a dieta e acompanhar de perto a glicemia para que nada interferisse na recuperação pós-operatória. Deu certo. Hoje estou com a hemoglobina em 5,9, mudei para a Lantus e estou no caminho certo para enfrentar mais longos anos de vida. Uma das atividades que escolhi para fazer o tempo passar mais depressa é escrever. Este blog foi criado para contar minhas histórias de hipoglicemia nestes 24 anos de diabetes. Para quê? Para organizar minha memória e fazer uma análise do que vivi, do que estava fazendo errado, do que aprendi (ou não) e como devo fazer para que estes momentos fiquem cada vez mais raros.

Você também pode ler este meu depoimento no http://www.portaldiabetes.com.br/.
Um beijo em todas as que me escreveram e muito obrigado pelas mensagens de carinho.

4 comentários:

Anônimo disse...

Ola!SOu diabetica tambem, ha 17 anos. Queria muito conversar mais ctg e saber mais detalhes sobre suas gestaçoes, se nao se importar. Meu msn e email é ariane_torrez@hotmail.com

Espero resposta!Obrigada pela atençao, desde ja!
Bjo!

Anônimo disse...

Vc planejou as suas gravidez? É que sou diabética e também, como a maioria das mulheres quero ser mãe, mas confesso que tenho vários medos em relação a diversas situações que uma gravidez pode provocar. Se puder me escrever, agradeço... solangelandim@hotmail.com

Andanhos disse...

Parabéns, Sheila! E muita felicidade para você, seus filhos e toda a família!
Você continua tendo muitas hipoglicemias depois que começou a usar a Lantus?
Eu uso a Lantus e a Novorapid e faço vários dextros diários. E, atualmente, não costumo ter hipoglicemias severas, o que era bem mais comum quando eu usava uma insulina nph.
Algumas histórias de hipo chegam a ser engraçadas quando contadas depois, mas na hora são de se desesperar.
Beijos.

Margarete disse...

Oi Sheila, sou diabética desde os 8 anos de idade hoje tenho 43 e também sou mãe de uma menina, quer dizer de uma moça de 19 anos e agora vou ser avó e minha filha tem diabetes também.
Também já tive várias hipo e sei como é difícil!
Bom boa sorte!
Bjs